2012年12月19日水曜日

A avaliação nas escolas japonesas

Peço desculpas aos leitores do nosso blog, pois ultimamente ando numa correria só e, apesar de ter vários posts na minha cabeça e no papel, ainda não consegui digitá-los.
 Estamos no final do 2º período nas escolas japonesas e, é uma correria só, com muitas reuniões com os pais, entrega de boletins, etc.Além disso, estou com uma viagem marcada para esta semana e ainda nem consegui fazer minha mala!
Mas, hoje, consegui um tempinho livre e vou falar um pouco sobre a avaliação nas escolas japonesas.
 Quem estudou no Brasil sempre passou pelo pesadelo da nota média, a qual em alguns colégio chega a ser até 8,0, bem como aquele momento tenso de ter que mostrar o boletim para os pais.
No Brasil, as avaliações são feitas através de notas, que são representadas por números. Na minha escola, eram escritos à mão e quando alguma nota estava abaixo da média, logo era escrita em vermelho pela professora. Lembro-me que teve uma época no 2º grau que eu estava de saco cheio da escola e comecei a tirar notas baixas em matemática, química e física e, no final do bimestre, minha mãe sempre me dizia:
 - Minha filha, será que você vai me trazer um boletim hemorrágico hoje?


  Para os pais brasileiros, a prova de que a criança está indo bem na escola é o boletim e as notas nele escritas. Mas, e quando não há boletim? Ou, e se no boletim não há notas?
 Bem, aqui no Japão, nas escolas primárias, eles usam este sistema, o qual, aliás é extremamente polêmico e problemático. Depois eu explico o porquê, mas primeiro, deixe-me explicar como é feita a avaliação nas escolas primárias aqui.
 Enquanto no Brasil a gente aprende que educação vem de casa, aqui no Japão educação se aprende na escola. Por isso você vê tantos japoneses se comportando da mesma forma. Não é que eles não tenham personalidade, mas, eles são adestrados assim na escola, desde bem pequenos. E, este comportamento é avaliado no dito boletim. O boletim em japonês é chamado de 通知表(tsuuchihyou), cuja tradução ao pé da letra é: Tabela de avisos. Vamos entender o porquê deste nome.
No boletim japonês, os professores escrevem várias coisas em relação ao aluno. Ao invés de ter o nome da matéria e do lado a nota dada pelo professor, se tem uma coluna relacionada a matérias e vários aspectos são avaliados. E, ao lado desses aspectos, uma avaliação que é feita pelos símbolos: ◎ ○ △.

A primeira, se chama nijyuumaru (círculo duplo) e é usada quando o aluno obteve uma ótima avaliação em determinado quesito. Seria uma versão do nosso Excelente ou Muito Bom. A segunda, se chamada maru (círculo) é quando o aluno esteve apenas bem, regular. Seria o nosso Bom, que algumas “tias” escreviam nos nossos boletins ou trabalhinhos quando éramos crianças. E, a última é o sankaku (triângulo), que seria algo como insuficiente ou fraco.
Então, como vocês podem ver, durante a escola primária, os boletins não vêm com uma nota específica.
Mas, eles não têm provas e testes? Os testes também não têm nota?
Bem, eles têm várias provas e testes. E, o professor escreve uma nota, sim. Porém, a soma destas notas não aparece no boletim em forma de número. Vamos dar um exemplo para vocês entenderem melhor:
Aluno A:
Matemática
1. É capaz de realizar operações matemáticas com rapidez. 
2. Demonstra interesse na aula ◎
3. É capaz de ler o enunciado e compreender o que é pedido nos problemas matemáticos.
Mais ou menos assim. Aliás, esta avaliação é bem parecida com a que os alunos estrangeiros recebem na escola. Eles até têm interesse nas aulas, conseguem fazer os cálculos de matemática, mas acabam tropeçando na parte que envolve leitura e intepretação de texto. Mas, esse problema não é exclusividade dos estrangeiros não, viu? Eu já trabalhei 2 meses auxiliando crianças japonesas com seus deveres de casa das férias (sim, eles têm dever de casa nas férias!) e, a maioria, apresentava enormes problemas nesta parte da interpretação dos problemas matemáticos.
 Mas, voltando ao assunto...as avaliações são feitas desta maneira. Isso, claro, é proposital e é para não causar a desmotivação nas crianças e nem acirrar a competição entre elas. Mais uma vez, entra a questão do Byoudou (igualdade), palavra que os japoneses amam na teoria e não sabem colocar na prática.
Sim, começamos a falar dos problemas que envolvem esta avaliação. Como ela é muito abstrata, o pai não consegue saber ao certo até onde seu filho entende a matéria. E, como no boletim a maioria das avaliações é em cima do comportamento e obediência das crianças, sempre parece que a criança está indo muito bem na escola.

Mas, aí é que começa o drama. Quando as crianças terminam o primário (shougakkou), elas são automaticamente admitidas no ginásio. Não há testes, provas...nada. E, no ginásio é que a coisa muda. Até então, após 6 anos consecutivos, a criança estava acostumada a fazer testes, mas sem muita preocupação com notas. Afinal, ela faziam tão bem a limpeza da escola e cumprimentava os professores em voz alta no corredor. Então, ela sempre tinha uma ótima avaliação em seu boletim. Seus pais, claro, viam muito futuro em seu filho.
Porém, esta criança entra no ginásio (Chuugakkou) e, de repente, ela começa a ser avaliada através de notas. Além disso, começa a ter seu nome escrito no mural da escola, onde é comparada o tempo inteiro com outros alunos e de repente, seu nome está em uma das posições mais baixas do ranking da escola.

Para completar, ela precisa de submeter a rígidas regras de comportamento e vestimenta. Enquanto os seus professores da escola primária eram até bonzinhos, estes de agora são a verdadeira imagem do carrasco, gritando e humilhando os alunos por onde quer que eles vão.
E o que acontece com esta criança? Isto aí, eu te conto no próximo post.Um abraço e até a próxima!!!

2012年12月12日水曜日

O kanji pode entrar em extinção!!!


Hoje pela manhã, entrei na internet para ver algumas notícias e encontro esta manchete:
“Aumenta o número de jovens chineses que estão se afastando do Kanji.”
Aliás, este problema também é grave no Japão.
Para quem não sabe, os kanjis são aqueles ideogramas belíssimos que encantam todos os ocidentais e que muita gente adora usar em camisetas, sabonetes, tatuagens, etc.

Apesar de lindos, os kanjis são uma dor de cabeça para quem resolve estudá-los, pois há milhares de kanjis e, no Japão, por exemplo, você só é considerado alfabetizado quando sabe cerca de 2000 kanjis!!!

E, vale lembrar que, no caso da língua japonesa, cada kanji tem, no mínimo, 3 leituras diferentes. Ou seja, só com muita dedicação e persistência que você consegue superar essa barreira. E, detalhe: Aqui no Japão, além do kanji, há mais 2 alfabetos oriundos do mesmo, cada um com sua função. Ou seja, não tem para onde escapar! – “Então porque não abolir logo esta porcaria??” – você deve estar se perguntando.
Já pensaram nisso muitas vezes aqui no Japão, mas a verdade é que sem o kanji a língua japonesa perde o sentido e o kanji é muito, muito prático na maioria das vezes.
Na China, onde só se usa kanji (em chinês se chama han zi), entao, dá para imaginar como eles são importantes!!! Ainda mais porque o kanji foi inventado lá!
 No dicionário mais famoso a China, há cerca de 47.000 kanjis!!!!No dia-a-dia, parece que eles usam cerca de 3000 letras, mas segundo uma pesquisa, 80% dos entrevistados disse esquecer estes kanjis com bastante frequência. O governo chinês também está preocupado com os estudantes que cada vez menos sabem ler e escrever os ideogramas. Um desses motivos, segundo o próprio governo chinês, é que na competição ferrenha dos vestibulares, os estudantes estão com a cabeça cheia de números e de inglês! O outro motivo, claro, é o fato de hoje, os jovens usarem vários equipamentos eletrônicos, como computadores e celulares e, cada vez menos escreverem os ideogramas. Para se ter uma idéia, parece que tem jovens que só sabem escrever os ideogramas do seu próprio nome!!!E quando precisam escrever algum texto, usam o computador ou o smart phone, i-phone, etc. E, com isso, cada vez menos os estudantes têm a oportunidade de escrever em ideogramas chineses.

Além disso, o uso na internet de expressões como 88 (bye-bye) e 3Q (Thank you) tem preocupado ainda mais o governo chinês de educação.
Aqui no Japão, eu posso dizer com toda a certeza de que o kanji é uma verdadeira dor de cabeça para os estudantes japoneses. O treino aqui é feito na base da decoreba. Eles escrevem a mesma letra umas trezentas vezes e depois fazem vários exercícios usando as possíveis combinações com estas letras. Mas, é no dia-a-dia que eles aprendem a ler os benditos ideogramas.
Mas, a verdade é que, hoje em dia a maioria dos jovens que termina o ensino fundamental no Japão não sabe ler bem e muito menos, escrever bem os ideogramas!
Sim, os kanjis estão estando em extinção. Hoje em dia você vê muitos estrangeiros que sabem ler mais kanji que os próprios japoneses!!Eu mesma, já cansei de ver. E, creio que no caso da língua chinesa, aconteça o mesmo.

2012年12月10日月曜日

Sempre as escolas...

  Antes de ir para mais um dia de trabalho nas escolas, vou compartilhar um vídeo bem recente, do início deste mês, que fala de mais uma estudante do ginásio que se matou após sofrer ijime (bullying). 
Segundo a notícia, o pai já tinha entrado em contato com a escola para reclamar do ijime, mas, como sempre, a escola não fez nada e o pior aconteceu. 
Até hoje eu não entendo porque eles nunca conseguem fazer nada. Será que não sabem mesmo como resolver ou será que não tem a mínima boa-vontade para isso?Que tipo de educador é este que se forma nas universidades de educação do Japão? Que vergonha...
  
http://www.youtube.com/watch?v=2217SgDUAYU

2012年12月7日金曜日

Futoukou - Uma luz no fim do túnel



   O Futoukou, cujo os ideogramas são 不登校(不não 登校ir à escola)é um dos grandes problemas sociais do Japão. A evasão escolar japonesa costuma acontecer, na maioria das vezes, depois que os alunos passam a frequentar o ginásio, cujas regras são rígidas e muitas vezes até cruéis demais. 
   Claro que há vários fatores que levam uma criança a deixar de querer frequentar a escola, mas todos estes anos, o que mais tenho visto é a inadequação das crianças ao sistema. Ou melhor, do sistema às crianças como um todo.
   Por mais que revisem algumas coisas no sistema educacional japonês, não há mudanças concretas. Isso se deve ao fato de quase todas as coisas aqui no Japão serem sempre superficiais. E, é assim que os japoneses lidam com os problemas. Nunca profundamente e sempre superficialmente. Então, quando percebem o problema já tomou proporções monstruosas. Com o problema da evasão escolar não é diferente. 
    Tenho visto diversos casos e hoje já não é mais um problema que afeta só os alunos japoneses. Há vários alunos estrangeiros passando pela mesma situação. O mundo muda e evoluiu rapidamente, estando cada vez mais globalizado. Mas, o Japão, não acompanhou esta evolução e seu sistema educacional continua seguindo o modelo do pós-guerra, com mudanças mínimas e, sempre, claro, superficiais demais para gerar algum resultado. 
   Mas, quais são as alternativas para as crianças que não conseguem frequentar as aulas?
   Nas escolas, há uma sala que pode ter vários nomes: Kokoro no heya (sala do coração), Kokoro no kyoushitsu, Oasis Room, etc. Muitos alunos simplesmente não conseguem entrar na sala de aula por algum motivo e, nessa salinha, eles podem estudar mais tranquilos e, de vez em quando, algum conselheiro educacional aparece por lá para bater um papo. Se o aluno estiver estudando e se sentir mal ou cansado, ele também pode ir para a salinha do lado descansar no sofá, etc. Nem de longe lembra uma escola-quartel japonesa.
    Porém, há aqueles que não conseguem nem passar da porta da escola. Outros, fazem o chamado Hikikomori, que é o ficar trancado dentro do quarto, em casa e não sair para nada.São vários os tipos de Futoukou e os motivos que levam a criança a chegar a este ponto.

    Entretanto, este ano, em Nagoya, surgiu uma pequena luz no fim do túnel. O nome desta luz é Seisa Chuugakkou (Escola Ginasial Seisa).
     Nesta escola, todos os professores são ex-futoukou e fazem exatamente o contrário das escolas tradicionais: sorriem, elogiam e tratam a criança com carinho. Tá aí o segredo para quebrar muitas barreiras, mas parece que os japoneses ainda não perceberam. Se bem que é difícil a gente dar para os outros algo que nunca teve, né? A tendência é repetir o que recebemos dos pais e professores.
    Outra coisa que difere das outras escolas é que na Seisa Chuugakkou não tocam o sinal e também não usam livros didáticos. E, outro diferencial é que enquanto nas outras escolas é extremamente proibido levar livros, revitas, celular e games para a escola, nesta escola pode. Abaixo segue um vídeo com uma reportagem da tv japonesa sobre esta escola que veio como um luz no fim do túnel.Vamos assistir.

http://www.youtube.com/watch?v=FePdrkZx2pA

                                                       Um abraço e até a próxima!

2012年12月6日木曜日

Videos sobre as escolas japonesas

 Separei alguns vídeos do youtube para apresentar para vocês sobre as escolas japonesas.
O primeiro deles é bem interessante e mostra bem detalhadamente os uniformes e materiais que as crianças usam no dia-a-dia, tanto no primário quanto no ginásio.
http://www.youtube.com/watch?v=1BFHV8m9u_s

O outro, é do programa do Serginho Groismann e mostra uma escola japonesa de ensino médio. Porém, não tirem como regra esta escola, pois ela tem aulas de português e alemão, segundo informaram na reportagem e isto é bem raro por aqui, até mesmo na província onde eu moro e tem tantos brasileiros. E, como o vídeo é da Globo, todo cuidado é pouco. Eles sempre mostram superficialmente e nem tudo é verdade. Sem contar que a escola mostrada no vídeo é bem liberal e isso ainda não é maioria aqui no país. Mas, como curiosidade, vale a pena ver.

http://www.youtube.com/watch?v=vXoefczZm90

Achando mais vídeos interessantes, eu posto aqui para vocês.

                                             Um abraço e até a próxima!

                                                             

Bolsa de estudos do Governo do Japão - MEXT 2013 (Para professores do ensino fundamental e/ou médio)


Olá, amigos do Educando no Japão!

Acabei de receber a mensagem abaixo e estou aqui divulgando para quem tiver interesse.
A mensagem foi enviado do Rio de Janeiro, mas esta bolsa é oferecida para outros estados. Portanto, os interessados devem procurar o consulado de sua jurisdição. Um abraço e boa sorte!

Bolsa de estudos do Governo do Japão - MEXT 2013 

(Para professores do ensino fundamental e/ou médio)

  O Centro Cultural e Informativo do Consulado Geral do Japão no Rio de Janeiro solicita a V.Sa. a gentileza de comunicar aos professores, que estarão abertas proximamente as inscrições para a "Bolsa de Estudos do Governo Japonês - 2013",. Será uma valiosa oportunidade para os professores brasileiros ampliarem os seus conhecimentos sobre o Japão e a cultura do país, e de realizarem uma especialização pedagógica. Os professores do ensino fundamental e médio realizarão aperfeiçoamento de técnicas de ensino, administração escolar, entre outros, em uma universidade do Japão. 

Requisitos:
1. Possuir nacionalidade brasileira; 
2. Nível universitário ou graduação em magistério;
3. Experiência de no mínimo 5 anos como professor de ensino fundamental ou médio, orientador pedagógico, assistente educacional ou diretor de escola, na área pública ou particular; 
4. Idade de até 34 anos na data mencionada no edital; 
5. Boa saúde física e mental;
6. Apresentar um Plano de Pesquisa sobre educação a ser desenvolvido no Japão;
7. Estar disposto a estudar o idioma japonês e a frequentar aulas neste idioma;
8. Duração: outubro de 2013 a março de 2015;
9. Bom nível de conhecimento da língua inglesa ou japonesa. 

Solicitamos que os interessados acompanhem, através do site do Consulado Geral do Japão, www.rio.br.emb-japan.go.jp, informações mais detalhadas. 

Rio de Janeiro, 29 de novembro de 2012.

2012年12月5日水曜日

Educação no Japão - A Pedagogia do Controle


Creio que quem nunca viu de perto como uma escola japonesa funciona, ainda tem aquela idéia de que o sistema educacional japonês é uma maravilha.
 Ele é eficaz em muitas coisas, sim. Analfabetismo praticamente zero, bolsa-escola para crianças oriundas de famílias de baixa-renda, professores bem remunerados, aulas de música, etc. Parece o sistema educacional dos sonhos.
 Tudo isso, no pós-guerra funcionou muito bem. Porém, hoje estamos numa nova era e as escolas japonesas realmente pararam no tempo. E, aqui, neste e nos próximos posts vocês vão entender o porquê de hoje termos tanta evasão escolar, bullying (ijime) e suicídio entre os estudantes.
 O estilo pedagógico vigente aqui no Japão se chama Kanri Kyouikucujos ideogramas são:管理教育
Kanri 管理=controle Kyouiku教育 – Educação, pedagogia.
Mas, o que seria isso? Para vocês terem uma melhor idéia, imaginem agora um quartel ou um presídio. Imaginou? Muitas regras.Pouquíssima liberdade de expressão.Treinamentos rígidos e constante humilhação. Pronto!Agora vocês já estão prontos para entender o sistema educacional japonês.
 Este sistema, claro, funciona no Japão todo. Porém, em algumas regiões, ele consegue ultrapassar o bom senso e chegar à crueldade. Uma das regiões mais famosas neste sentido e uma das mais temidas pelos alunos e pais de todo o país é exatamente Aichi-ken, que é, por acaso, a província onde eu moro.
Abaixo, vou listar algumas das regras e atividades estipuladas pela maioria das escolas japonesas e que fazem com que esta pedagogia seja chamada de Pedagogia do Controle.

1.    Os alunos não podem usar o cabelo do jeito que gostam. Os meninos devem raspar a cabeça e as meninas devem usar o cabelo bem curto. Hoje, em algumas escolas, os meninos não precisam raspar o cabelo e as meninas podem usar o cabelo comprido, desde que esteja preso. E, claro, preso por um elástico cuja cor é determinada pela escola: azul marinho ou preto. Nada de tiaras, arquinhos e presilhas fofas.
2.    Não podem pintar o cabelo.

3.    Checagem do uniforme ao entrar na escola. Uma professora fica na porta com uma régua para medir o comprimento da saia das meninas. Aquelas cujas saias  estão um pouco acima do joelho já levam uma bronca ou são humilhadas diante de todos.

                                NÃO!

VOCÊ NÃO ESTÁ VENDO UM ANIME OU SERIADO JAPONÊS!

              ESTES SÃO FATOS VERÍDICOS!!!!


4.    Obrigatoriedade do uniforme escolar até mesmo nos fins de semana e em passeios em família.
5.    Agressão física (isso aí vai dar um post. Aguardem!)


6.    Cumprimentos matinais em voz alta
7.    Aulas de educação física que mais lembram um quartel, com o professor-general gritando e humilhando os alunos.
8.    Todos são obrigados a responder e cumprimentar em voz alta, como soldados.]
9.    Em algumas escolas, os alunos devem bater continência aos professores.
10.  Os alunos são obrigados a marchar em diversos eventos da escola.
11. Repetições exageradas dos exercícios nas aulas de Ed. Física através de gritos e humilhações públicas até que todos estejam fazendo tudo ordenadamente.


12. Participação obrigatória no concurso de canto-coral da escola.
13.  Obrigatoriedade na adesão no setor de atividades extra-classe (Bukatsu)
14.  Extrema importância às boas maneiras e aparência dos alunos.
15.  Checagem do interior das mochilas e bolsas. Se acharem objetos que não estão relacionados com a escola, os mesmos são confiscados.
16.  Os alunos precisam receber autorização por escrito por parte da escola para irem a algum local fora da jurisdição da mesma.
17.  Regras absurdas e extremamente detalhistas, como ensinar como o aluno deve levantar a mão na hora de responder o professor.
18.  Determinar um local sobre a mesa para ele colocar lápis, borracha, caderno e livro.
19.  Ranking de notas publicado no mural da escola com o nome de cada aluno.


Fiquei imaginando...o que Foucalt diria de tudo isso, hein?


2012年11月30日金曜日

Kondankai (reunião com os pais) e suas regrinhas


 Tá aí uma palavrinha difícil de traduzir, viu? Kondankai. Geralmente, Kondankai é o tipo de reunião feita nas escolas onde o professor determina um horário para conversar com os pais sobre o andamento do filho na escola. Essas reuniões são particulares. Só entre os pais e responsáveis e, em alguns casos, ccom a participação de algum outro profissional envolvido na educação do aluno, como pedagogas, professora da classe para crianças especiais ou professora da classe para crianças estrangeiras.
  Não sei se temos algo parecido no Brasil, mas se alguém souber, por favor, me conta!
  Bem, o Kondankai dura cerca de 15 minutos e, geralmente, por regra, o professor tece muitos elogios aos aluno e, dificilmente fala algo ruim em relação a ele. Coisa, que aliás, eu não suporto, diga-se de passagem.
  Mas, o que eu quero falar hoje aqui não é do kondankai em si, mas, sim, de algo relacionado a este tema e que me chamou muita atenção.
  Nas escolas onde há muitas crianças estrangeiras, eles disponibilizam de tradutoras e intérpretes para ajudar nas reuniões e traduzir os vários avisos da escola, que não são poucos. Num desses avisos sobre o Kondankai, havia três itens os quais me fizeram pensar em como a escola controla não só os alunos, mas até mesmo os pais. Este tipo de sistema educacional em japonês é chamado de Kanri Kyouiku (Pedagogia do Controle) e nós vamos abordar este assunto melhor, nos próximos posts.
  Mas, vamos ver quais foram os itens que chamaram minha atenção. Não sei como os outros pais brasileiros e peruanos reagem em relação a estas regras, mas, eu, pelo menos, achei bem estranho, apesar de trabalhar dentro do sistema.
 
1.    Nosso estacionamento é muito pequeno. Por isso, pedimos que os pais não venham de carro.
2.    Cada um deve trazer seu próprio chinelo. (como vocês devem saber, aqui no Japão se tira os sapatos para entrar em casa e determinados locais. Na escola, também, se deve tirar o sapato e calçar um chinelo.
3.    Como está muito frio, no momento da reunião podem permanecer com seus casacos. (Para quem não sabe, aqui no Japão se deve tirar o casaco ou sobretudo quando se entra num recinto. Geralmente, porque têm aquecedor, mas...detalhe: Na maioria das escolas, nas salas de aula onde a reunião acontece, NÃO há aquecedores. Ou seja: É um frio de lascar!!!

 

Enfim, esta é a escola japonesa. Regras, regras e mais regras. Para pais e filhos.


Este é o sistema educacional japonês



“Há escolas que são gaiolas.
Há escolas que são asas.
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados não são pássaros sob controle.
Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser.
Pássaros engaiolados sempre têm um dono.
Deixaram de ser pássaro.
Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados.
O que eles amam são os pássaros em vôo.
Existem para dar aos pássaros coragem para voar.
Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros.
O vôo não pode ser ensinado.
Só pode ser encorajado.”

                                                                 Rubem Alves

    

2012年11月29日木曜日

Isso pode ser chamado de educação???

Vídeo no youtube que mostra como a rivalidade e o ódio é implantado nas crianças desde a mais tenra idade. No caso, o país aqui é a Coréia do Sul.
http://www.youtube.com/watch?v=BZHy2NDU9R8&feature=related(áudio em japonês e legendas em inglês)

Para refletirmos um pouco sobre o sistema educacional no mundo todo

Interessantíssimo vídeo do estudioso britânico Ken Robinson que nos faz refletir um pouco sobre o papel educação e o que realmente seria a verdadeira educação.Com legendas em português.Vale a pena assistir!

2012年11月27日火曜日

Mais um aluno é encontrado morto dentro da escola


  Esse triste acontecimento se deu na província de Mie, na cidade de Yokkaichi, e a escola em questão é Yokkaichi Kougyou Koukou.
Ontem, dia 26, um estudante do primeiro ano do ensino médio desta escola foi encontrado caído no pátio central. Assim que o encontraram, logo chamaram a ambulância e o levaram para o hospital, mas duas horas depois, ele veio a felecer.
A escola,claro, quer tirar o dela da reta e disse que ele só pode ter caído do 4º andar.A polícia de Yokkaichi está investigandoa causa da morte.
  Segundo a escola, por volta de 10:30 da manhã de ontem, um dos funcionários ouviu um estrondo, como se alguma coisa tivesse caído e foi até lá fora ver o que tinha acontecido. Nessa hora, ela viu o aluno caído no pátio central. Então, perceberam que a janela do corredor próxima à da sala de aula dele, no 4º andar, estava aberta. Naquela hora, eles estavam tendo aulas no laboratório e não havia ninguém na sala. Neste dia, ele havia chegado atrasado e não encontraram nenhuma carta ou anotação que pudesse servir como uma pista.
  Segundo relatos, o aluno frequentou normalmente as aulas e atividades do Bukatsu até o dia 24 deste mês. O diretor da escola comentou que ele era um menino muito alegre e simpático e que não aparentava sofrer nenhum problema de bullying ou outra coisa semelhante. A escola vai ouvir o depoimento de vários alunos para poder investigar melhor o caso.
  Olha, se não estivéssemos no Japão,eu poderia até acreditar que foi um acidente e o menino caiu ou foi empurrado da janela. Mas, acho esta hipótese praticamente impossível. E, como sempre, as escolas tentam tirar o corpo fora e colocar a culpa no aluno, dizendo que ele deve ter se descuidado e caído lá de cima. Mas...porque ele iria subir na janela do 4º andar enquanto toda a sua turma estava em aula? Estranho, não? Só não ver quem não quer.Fico apenas imaginando o choque a dor da família do menino. Imagine só você ver seu filho indo para escola e de repente receber um telefonema dizendo que ele está morto?
 A dor que se sente deve ser devastadora. Aqui deixamos os nossos sentimentos para a família da vítima.
  Se vocês quiserem ler a notícia na íntegra, aqui está o link:



人権週間 - A Semana dos Direitos Humanos no Japao


Onde trabalho, todos os funcionários da Secretaria de Educação têm acesso a um sistema online, uma espécie de fórum, onde são postados os avisos de eventos do mês, comentários, calendário, etc. Lá tambem se tem acesso ao quadro de funcionários e dá para saber quem está trabalhando no dia, quem está de folga, quem tem alguma reunião fora, etc. Ou seja: Privacidade zero, mas super normal aqui no Japao.
  E, semana passada, um dos posts era sobre o famoso Jinken Shuukan (人権週間Semana dos Direitos Humanos), que sempre acontece em novembro. Antes de eu entrar no assunto principal, quero explicar um pouco o que é e o que se faz nessa semana de direitos humanos. Durante uma semana, a escola (ginasial) convida vários palestrantes representando as minorias aqui do Japão ou pessoas cujos direitos humanos foram violentados.

Geralmente, o carro-chefe são pessoas com necessidades especiais e estrangeiros. Eu mesma, já fui várias vezes falar para a garotada sobre como é ser estrangeiro aqui no Japão e sobre a discriminação contra estrangeiros.      Graças a Deus, todas as vezes eu fiquei muito satisfeita com o resultado. Uma vez, contei sobre os japoneses sempre evitarem sentar do meu lado no trem e que, apesar de ficar triste com isso, eu entendia o porquê de eles não sentarem. O problema não está no estrangeiro em si, mas neles mesmos. Sim, porque eles tem baixa-estima e não são um povo comunicativo. Além disso, eles morrem de medo (sim, medo mesmo!) de falar outro idioma e do que as pessoas à sua volta vão pensar dele se o virem falando outra língua. E, por último, eles acham que todo estrangeiro NÃO entende japonês. Afinal, na cabecinha deles, nihongo só é falado do Japão! Como alguem com uma cara não-oriental vai falar japonês?
Então, soma tudo isso e imagina o pânico dentro da cabeça do japa!!! Deu para imaginar?
E, neste dia, depois que terminou a palestra duas meninas vieram falar comigo pessoalmente, algo que me deixou muuuito feliz. Elas disseram que muitas vezes já tinham feito isso, mas que só pensaram nelas e, nunca no que o estrangeiro poderia sentir, se isso magoaria ele ou não.

Mas, o que eu quero abordar aqui hoje não é a questão da discriminação, pois isto já está sendo tratado no meu outro blog, o Tabibito (tabibitosoul.wordpress.com). Mas, sim, uma mensagem que li lá no fórum da secretaria de educação da minha cidade, a qual foi publicada por um dos diretores das escolas que visito. Vejam o que ele escreveu:
  Ultimamente, tenho percebido o quão ruim é o linguajar de certos alunos e também professores dentro da escola. Alguns professores fazem questão de criticar os defeitos do aluno na frente de todos. Algumas vezes, também, os chamam por algum apelido o qual o aluno não gosta e não quer ser chamado. Gostaria muito que refreiassem este tipo de comportamento que tantos danos à personalidade do aluno.
Se eu já admirava este diretor antes, imagine agora!!!E ele tem toda razão!!Ele ainda usou uma forma muito educada e suave para tratar de um assunto tão sério e o qual tem feito feito vários estudantes tirarem a própria vida! Mais uma coisa para se pensar e muito, nesta semana dos direitos humanos.
Um abraco e ate a proxima!


2012年11月26日月曜日

Tempo de estudo nas escolas japonesas


Creio que o Japão (e mais recentemente a Coréia) são conhecidos no mundo todo pelo tempo que seus alunos passam estudando. Bem, eu diria: tempo que eles passam dentro da escola, porque nem sempre eles estão estudando. Aliás, creio que quando um brasileiro ouve dizer que uma criança fica na escola de 08:30 às 16:00, ele automaticamente associa isso ao tempo de estudo, pensando que a criança passa o dia todo atrás dos livros didáticos, estudando matemática, japonês, ciências e todas aquelas matérias que já conhecemos. Porém, qual não seria o seu espanto se você visse que os alunos japoneses (não sei dizer os coreanos) não passam o dia todo com livros didáticos.     
  O que acontece é que eles têm muitas atividades que, aqui são consideradas estudo ou parte dele e, as quais, de repente, no Brasil, não seriam consideradas estudo. Uma matéria que os alunos japoneses têm é a caligrafia. (shousha), onde aprendem técnicas de shodou (caligrafia tradicional japonesa), que aliás, é uma belíssima arte aqui no Japão, China, Coréia e outros países onde os ideogramas chineses ainda são utilizados.
   
  Eles também têm outras atividades, como estudos gerais (sougou gakushuu), onde o tema é livre e eles podem estudar o que quiserem, a matéria que mais gostam. Aliás, esta matéria foi inserida no currículo das escolas japonesas há menos de 10 anos, se não me engano. Mas, até agora ninguém entendeu para o que que serve.
Outro dia fui numa aula desse tal sougou gakushuu e fiquei pasma por 3 motivos:
  1 – Crianças de 8 anos estudando sozinhas, sem ninguem ficar no pé.
  2- Outras crianças, da mesma classe, não fazendo absolutamente nada sem ser bagunça e ainda atrapalhando os colegas.
   3- E a atitude passiva do professor, que não os repreendia em absolutamente nada.
  Inconformada, ainda perguntei pra uma aluna: -“Ei, você não deveria estar estudando agora?”
  Adivinha o que ela disse? – “Sim, mas não tô. Não tô a fim”.
  Como eu não sou a professora da turma e só vou lá de visita, não há nada que eu possa fazer, a não ser ficar pasma.
   Além de estas e outras atividades, os alunos têm uma série de eventos durante o ano e, muitas vezes, os horários de aula acabam virando horário de ensaio. Recentemente tivemos um festival na cidade e, como os alunos iam participar o desfile, além da banda da escola, eles passaram muitas horas ensaiando. Eu chegava lá para dar aula e, cadê meus alunos? Ensaiando no pátio a escola.
 
   Outra atividade que toma muito tempo deles e o Undoukai (gincana esportiva) e, no ginásio, o Taiikusai (Torneio Esportivo), além de festivais culturais, como Bunkasai e outros. Ou seja, eles não ficam só sentados estudando e escrevendo. Eles tem muitas atividades, as quais, muitas, considero extremamente desnecessárias. Mas, eles fazem isso há séculos e, mesmo vendo que hoje o mundo mudou e precisamos de outro tipo de alunos, eles continuam insistindo no seu método antiquado.
 Até meados da década de 90, os alunos japoneses também tinham aulas aos sábados. Hoje, isso não existe mais, o que ainda gera muita discussão. Na verdade, foi uma medida do governo não só para tirar um pouco a carga dos alunos, mas principalmente, para que eles passassem mais tempo com os pais em casa. Mas, quem disse que adiantou alguma coisa??? O que os pais fizeram?? Mandaram as crianças para cursinhos estilo juku (curso de reforço) e outras atividades, como piano, natação, inglês, artes marciais, etc.
  
  Já os estudantes do ginásio, mal tem os fins de semana livres, pois estão sempre envolvidos em atividades do Bukatsu (atividades extra-classe). Se participam de algum Bukatsu esportivo, então! Por isso é muito comum você sair para passear nos fins de semana, pegar um trem e ver o trem lotado de estudantes com seus tacos de beisebol, armas de kendou, raquetes de tênis, etc. E, eles passam o dia todo fora. São muitos os torneios e campeonatos municipais e regionais.

   Agora, pegando um pouco mais pesado, outro dia li uma tese de um japonês (pasmem!), que criticava muito o sistema escolar aqui, dizendo que tudo que acontecia nas escolas já era uma preparação para quando eles crescessem e fosse trabalhar em fábricas e empresas. Essa coisa de se incentivar o tal do gaman, (aguentar tudo sem reclamar) por exemplo, na opinião dele, seria apenas uma espécie de lavagem cerebral, onde os alunos aprenderiam desde cedo que deveriam obedecer apenasm aguentar tudo sem jamais reclamar nada. Assim, quando chegassem na fase adulta e tivessem que entrar nas empresas, seria fácil colocá-los para fazer longas jornadas de trabalho, como de 08:00 às 22:00 e, fazer com que vivessem pela empresa ou fábrica.
   Para ser sincera, eu já tinha percebido isso há muito tempo. Porém, como sou estrangeira e ocidental, eu penso de forma diferente dos japoneses em muitos assuntos. E, quando você estuda para ser professor, você tem uma abordagem da Educação completamenre diferente da que eles têm aqui. Então, muitas vezes achei que fosse “coisa da minha cabeça ocidentalizada”. Mas, após ler os artigos escritos por aquele japonês, eu tive certeza que estava na linha correta de pensamento. Ocidental ou não. Porém, lógico e realista.
  E você? O que pensa a respeito? O que acha dessas atividades nos fins de semana? Acha que são boas para as crianças ou as fazem cada vez mais ficar distantes dos pais?
Acha que o sistema japonês ajuda ou atrapalha na formação do caráter da criança? Deixe seu comentário aqui para podermos saber sua opinião a respeito. 
Um abraço e até a próxima.